terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Não quero mais escrever sobre você, amor.

    Sempre fui avessa às regras, às técnicas de como fazer sei-la-o-que e do step by step de qualquer coisa. Não leio bula de remédio e ainda menos manual de instrução. Motivo que justifica eu ter começado esse texto pelo título. Apesar das inúmeras advertências de todas as minhas professoras de gramática que lembro ter tido. Enfim, comecei.

 

    Eu estava tão certa sobre o que iria botar verborragicamente no papel, que sem qualquer precaução fui logo me adiantando. Sistematicamente, e até com um pouco de mágoa – confesso –, botei lá em cima: não quero mais escrever sobre você, amor.

          

    Desacreditada, um pouco, e por achar tremendamente enfadonho, decidi impulsivamente botar um ponto final nesse tema que só me agrega reticências, vírgulas e interrogações. Ainda mais por todos os relatos terem um toque agridoce daquele satírico “baseado em fatos reais”.



    Fato é, sentada em minha escrivaninha, lápis e papel a postos, título rascunhado, mas a mente vaga. Ih, deu branco. Sobre o que eu ia furiosamente escrever mesmo heim? Oi, Alzheimer, você vem sempre aqui? Então olho para um escaninho abandonado da minha mesa, e lá em seu fundo um livretinho. Eaí, pego?



    Você pode amar plenamente, seu título. Trata-se de uma pequena publicação de um querido amigo de minha família, Frei Clemente – e que Deus o tenha; não quero entrar no mérito da religião por não convir ao momento, mas não iria tirar seus créditos também. Então, ao abrir suas páginas, me deparo com a seguinte frase “O homem não pode viver sem amor, pois sem ele torna-se um ser incompreensível para si mesmo”. Depois disso, só consigo perguntar para mim mesma: - Destino, quer que eu ofereça a outra face agora?



    Mas pudera Juliana, logo sobre isso você se nega a escrever. Era para ser sério? Você ia se boicotar, já tava na cara. Eu sabia, você sabia. Não tem como não falar sobre algo que te possui, que te faz ser quem tu é, bobinha.



    E o amor é isso. É existência e essência. É o mal, é o ideal. É a nossa necessidade, e para outros a vocação. É nossa grandeza, nossa fraqueza. Nosso chão e missão. É a nossa saudade, nosso mistério, milagre. Nossa felicidade.



    Esclarecimentos, por ventura, se fazem necessários aqui. Não falo do amor sentimentalista, de prazeres efêmeros, com instinto descontrolado e de romantismo exacerbado. Até porque hoje em dia, como é fácil fazer o strip-tease do corpo, mas como é árduo desnudar a alma. O amor que tento enaltecer é o comunicar-se, abrindo as portas do coração e deixando o outro – pessoa amada ou não – entrar. É se deixar disponível para a vinda, a presença, a existência.



    É se deixar transcender, criando a relação interpessoal do nós com o universo, ultrapassando nossas barreiras. O amor é escutar, ou melhor, é o ouvir. É romper com a banalidade. É o não invadir, o não exigir, o não impressionar ou fingir. Sem representações também, por favor. É uma comunicação visceral e empática. O amor é ser, existir, viver. Olhando, ouvindo, sorrindo.



    Então tá, por mim, opte a amar e a falar sobre isso. Transforme, vença, contemple, experimente, encontre, encoraje-se, aceite, aprenda, encare e descubra. Abrace, desapegue-se, acolha. Viva. Modéstia ousadia a parte, enquanto eu puder, conseguir e querer acreditar vou discordar de você, tá Schopenhauer? Pra mim o amor, ainda, é importante, porra.

4 comentários:

  1. Foi pensando em mim que você escreveu neh .. =)

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  2. Porra, surpreendeu. Tu é muito completa. Casa comigo!

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  3. Blog bom é aquele em que a sensibilidade de quem escreve entra em contato com a nossa própria sensibilidade, nos emociona, toca na alma, também nos faz rir...pensar, refletir e até respirar aliviado (a) por saber que ainda existem pessoas como vc, que apesar de todos os percalços e vicissitudes da vida ainda acreditam no amor! Parabéns pelo blog, amei, está lindo e já estava mais do que na hora de a senhorita pôr pra fora todo esse potencial criativo! Estou orgulhosa! Te amo sua danada! rs. Beijocas! PS: Já te adicionei nos meus blogs preferidos! Vamos mandar ver por aqui! ;)

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  4. "Até porque hoje em dia, como é fácil fazer o strip-tease do corpo, mas como é árduo desnudar a alma."
    Posso assinar embaixo?

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